Biography: O artista passeia pela hist?ria da arte e cria imagens enigm?ticas de olhares penetrantes que nos acompanham. S?o seres cubistas com tend?ncias picassianas, recortados dos v?rios planos nos quais a imagem se recomp?e.
As formas coloridas, que mapeiam o fundo das obras, criam diagramas policrom?ticos que se aproximam pela composi??o aos mosaicos arquet?picos dos vitrais bizantinos.
Numa busca incessante, vai da figura??o de Picasso e Matisse at? o geometrismo de Mondrian. A releitura feita por Casares das obras do passado reafirma a qualidade de sua produ??o e a busca pelo conhecimento s? vem enobrec?-lo, pois quem se fundamenta em bons referenciais incorre em menor risco de erros.
N?o d? para classific?-lo como um artista regionalista, pois o seu pensamento inquieto o faz buscar al?m fronteiras, ele est? antenado com o mundo. A globaliza??o pode n?o ser uma realidade, mas essa nova forma de domina??o intelectual j? se manifesta na sua iconografia, o espa?o geogr?fico, que no passado serviu apenas de media??o intelectiva para o ato criador, no presente registra e marca, com sulcos ranhurais, o seu percurso ermitivo pelo planeta Terra. A contamina??o se d?, tamb?m, pela paisagem. Imagens simb?licas das culturas por onde transitou aos poucos v?o sendo incorporadas ao seu texto visual.
Em sua obra “Guernica um pesadelo que nunca termina”, os representantes do holocausto s?o os mesmos mentores mal?ficos que afligem e torturam, no campo f?sico e mental, o mundo contempor?neo. J? a “Boiada Pantaneira”, uma outra homenagem picassiana, foi idealizada a partir da delicadeza contida nas dobraduras do origami, tendo como pano de fundo os pared?es da Chapada dos Guimar?es. Em suas “Gaton?as”, “Namoro Felino” e “Peixes” numa singela homenagem ao Estado de Mato Grosso, as obras incorporaram alguns dos seus elementos iconogr?ficos mais ricos, a exemplo do Rio Cuiab? e do Morro de Santo Ant?nio. A s?rie ”Dan?a dos Mascarados”, al?m da rever?ncia ? cultura popular da baixada cuiabana, evidencia a viola de cocho e sugere um dialogo intracultura, por interm?dio das m?scaras dos ?dolos do cinema, o Batman e o Robin. O “Galo” com bico de saca-rolhas e o “Arcodeonista” remetem ao per?odo que viveu nas terras portuguesas.
Ao produzir sua “Piet?” ,o artista satiriza com a dor provocada pela diversidade cultural e econ?mica, uma mendiga com seu filho ao colo. M?e e filho choram copiosamente, postados na porta de um palacete, caracterizado pelo ?cone geogr?fico da cultura, o “Morro de Santo Ant?nio”. Por tr?s dos personagens foi afixada uma tabuleta onde se l?: Sorria voc? est? sendo filmado. A globaliza??o tamb?m ? homenageada com o seu lado m?rbido, no “Jantar da Globaliza??o” s?o servidas cabe?as humanas, para serem degustadas com garfo e faca. Por?m, por outro lado, em seu lado po?tico “Mesa Posta (Harmonia Vermelha)” matissiana, Casares cria um perfeito namoro em vermelho e azul enriquecido pela luminosidade do branco das cadeiras, e, no recorte da janela, em lugar da fria paisagem russa ele privilegia a vista mar?tima, do seu ateli?, em Lisboa.
Suas mulheres, s?o as pr?prias indaga??es do artista, seus olhos reformulam o questionamento da arte e ? atrav?s deles que o mundo ? percebido. ? como se o artista visse pelo vi?s dessas lentes de complexidade obtusa, no olhar de uma das personagens Les Demoiselles d’Avignon. Ver e analisar a arte ? a pr?pria arte. Ele est? ao mesmo tempo dentro e fora da tela. Fagulhas caleidosc?picas agregadas, umas ?s outras, formam uma teia que o aprisionam.
A sensualidade do corpo feminino, em algumas de suas obras, se faz presente com tamanha simplicidade e seguran?a que n?o nos aflige nem seduz, apenas nos conduz para uma leitura perceptiva da obra. “O retrato de Bela” ? a prova disto.
O que salta aos olhos ? a exuber?ncia das cores, usadas nos seus matizes prim?rios provando que o artista tem o gosto pela pintura. O jogo monocrom?tico do seu painel da Casa Cor 2000 comprova isto. Uma combina??o de cores quase puras criando um ambiente gr?fico, onde os demais elementos da de/composi??o s?o colados no campo colorido.
O seu desenho ? pensado e arquitetado por toda a dimens?o do suporte. O artista tem o completo dom?nio do tra?o, por?m, a meu ver, ele ? utilizado apenas como exerc?cio do aprisionamento da tem?tica; na verdade, a sua busca incessante est? na composi??o de blocos sobrepostos dos elementos da cor.
Country: Brazil
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